“__ Você está pensando que existem sete bilhões de pessoas no planeta, não é? E que foi pura sorte a gente ter se conhecido.
Lloyd fez que sim, culpado.
__ Talvez – disse Michiko. – Mas, quando consideramos os pontos contra nos conhecermos, acho que foi mais do que isso. Não estávamos presos um ao outro. Você estava vivendo em Chicago, eu estava morando em Tóquio – e terminamos juntos aqui, na fronteira entre a Suíça e a França. Será isso mero acaso ou destino?
__ Não tenho certeza se é possível acreditar em destino ao mesmo tempo em que se acredita em livre arbítrio – disse Lloyd com delicadeza…”
(uma versão da resenha abaixo foi publicada originalmente em A TRIBUNA de Santos, em 27 de maio de 2014)
Em 2012 o anúncio da descoberta do bóson de Higgs (partícula subatômica estabilizadora da massa), celebrizado como a “partícula de deus”, popularizou o santo graal da Física contemporânea[1].
Um experimento desse tipo já fora imaginado por Robert J. Sawyer em seu romance futurista, Flash Forward, cuja trama começa em 2009 e avança até 2030. Os físicos que protagonizam a história, o canadense (como o autor) quarentão Lloyd Simcoe e o grego Theo Procopides (27 anos), coordenam uma colisão de partículas no CERN em Genebra, buscando “recriar níveis de energia que não existiam desde um nanossegundo após o Big Bang”. Durante o evento, toda a humanidade fica inconsciente por 2 minutos e 17 segundos (ocorrem desastres e mortes, entre as quais a da filha de Michiko, noiva de Lloyd e secreta paixão de Theo), tendo um vislumbre coletivo de cenas de um dia em 2030.
À sua volta, Theo observa pessoas comentando a visão que tiveram. Ele próprio não vivenciara nada em seu “desmaio”. A suposição geral é de que ele estará morto àquela altura. Testemunhos diversos (de indivíduos que assistiram a noticiários, ou estavam presentes na sua autópsia) atestam, no entanto, que naquele momento entrevisto do futuro, ele acabou de ser assassinado.
Flash Forward articula-se, portanto, no entrecruzar de três linhas narrativas, cujas tensões ancoram-se na concepção de um “futuro único”, linear, decorrente dos fatos presentes, e sua refutação — e daí as polarizações do tipo livre arbítrio vs. destino pré-determinado: 1) temos o embate íntimo de Lloyd com relação ao planejado casamento com Michiko (ele vira a si mesmo casado com outra mulher), a quem tomara como o amor da sua vida; 2) temos a desesperada investigação de Theo para apurar detalhes do seu assassinato ainda por acontecer; 3) temos o Projeto Mosaico, montando um gigantesco quebra-cabeça do porvir a partir das inúmeras visões.
Infelizmente para os leitores, a terceira linha é muito mal explorada, e Sawyer desperdiça uma grande chance de realizar algo de amplo e relevante na área da ficção científica, ao privilegiar o chatíssimo imbróglio do casal Lloyd-Michiko; mesmo a trama, potencialmente mais “eletrizante”, em torno do crime de que Theo seria a vítima, deixa a desejar.
E as discussões científicas? Afinal, apesar da maneira pândega como são veiculadas no seriado, elas ajudaram a construir o encanto e o sucesso de The Big Bang Theory (que, aliás, vulgarizou muitas das proposições postas em questão no romance e que eram, à época da sua publicação original, em 1999, menos “batidas”, como a do gato de Schrödinger)[2]. O problema maior é a estratégia adotada pelo autor: não é nenhum senão grave o narrador em terceira pessoa se valer de um tom mais didático para passar informações ao leitor leigo numa área específica. Estranha-se é que aqueles que são físicos, como Lloyd, Theo e colegas, conversem entre si usando a mesma lógica de divulgação científica. Será mesmo que um precisa explicar para o outro certas noções, no nível em que estão em sua área, candidatos mais que prováveis a um Nobel?
Mesmo com tal ressalva, as discussões salvam a leitura: um diálogo entre Lloyd e Michiko, no qual ela defende o livre-arbítrio e desconstrói as racionalizações do amante, é muito mais interessante do que os rumos da sua relação. Também há o episódio do suicídio do irmão de Theo, que contraria a visão de um “futuro único” (nas visões, ele estaria vivo ainda).
Há perdas e ganhos com o salto para 2030. Quanto a Lloyd, as questões já aventadas sofrerão uma guinada para outra vertente inesgotável: a da imortalidade, da continuação individual mesmo sem um corpo humano (não no sentido espiritual, mas tecnológico). Nem dessa vez o personagem consegue conquistar o leitor, talvez porque esse desvio fica como uma ponta solta na trama. Já a resolução do impasse de Theo, durante uma replicação (com certas variantes) do experimento, pode agradar se o leitor for daqueles que se resignam com um suspensezinho funcional, entretanto o fecundo veio do lapso de tempo 2009-2030 na vida do agora não tão jovem físico genial, poderia ter sido mais bem aproveitado (ele ter vivido parcimoniosamente por causa da sua morte anunciada). O melhor achado acaba sendo a ideia da replicação da colisão de partículas, com todas as implicações e riscos envolvidos (além das consequências imprevistas).
Talvez a frustração com o resultado final de Flash Forward possa ser explicada utilizando justamente o dilema do gato de Schrödinger, que não sabemos se está vivo ou morto dentro da caixa. Pela premissa e seus desdobramentos filosóficos, as conclusões a que ela permite chegar; enfim, pela originalidade da ideia de tratar do tempo, sem apelar para o artifício da viagem por meio de algum expediente ou máquina, o gato de Sawyer tinha tudo para estar vivo, e como! Mas pela mornidão narrativa, pela timidez com que a premissa engenhosa é trabalhada, pela limitação dos personagens em termos imaginativos e dramáticos, há fortes e sombrios indícios de que o gato morreu. O fato de que a balança ainda oscile de um lado para o outro, faz com que ele não seja um fiasco. Trunfo da ciência, não da ficção.
TRECHO SELECIONADO
– No original:
“Dr. Simcoe,” said Bernard Shaw, “perhaps you can explain to us what happened?”
“Of course,” said Lloyd, making himself comfortable. He was in CERN’s teleconferencing room (…) Shaw, naturally, was at CNN Center in Atlanta (…) “Most of us have heard the term `spacetime’ or `the space-time continuum.’ It refers to the combination of the three dimensions of length, width, and height, and the fourth dimension of time.”
Lloyd nodded at a female technician standing off camera, and a still image of a dark-haired white man appeared on the monitor behind him. “That’s Hermann Minkowski,” said Lloyd…
He nodded again and the picture changed.
“This is a map of Europe. Of course, Europe is three dimensional, but we’re all used to using two-dimensional maps. And Hermann Minkowski was born here in Kaunas, in what is now Lithuania, in 1864.”
A light lit up inside Lithuania.
“There it is. Actually, though, let’s pretend that the light isn’t the city of Kaunas, but rather Minkowski himself, being born in 1864…”
The 1864 map fell away as if it were one leaf on a calendar pad; the map beneath was labeled 1865. In rapid succession, other maps dropped off, labeled 1866 through 1877, each with the Minkowski light at or near Kaunas, but when the 1878 one appeared, the light had moved 400 kilometers west to Berlin…
“For the next nineteen years, our Hermann bopped about from university to university… and at last to the University of Göttingen, in central Germany, in 1902… And he stayed in Göttingen until his death on January 12, 1909… And, of course, after 1909, he was no more.” (…)
“As you can see, the light made by Minkowski’s movements forms a trail through time. He starts down here near the bottom in Lithuania, moves about Germany and Switzerland, and finally dies up here in Göttingen.”
The maps were stacked one atop another, forming a cube, and the path of Minkowski’s life, weaving through the cube, was visible through it, like a glowing gopher’s burrow climbing up toward the top.
“This kind of cube, which shows someone’s life path through spacetime, is called a Minkowski cube: good old Hermann himself was the first to draw such a thing. Of course, you can draw one for anybody. Here’s one for me.”
The map changed to show the entire world.
“I was born in Nova Scotia, Canada, in 1964, moved to Toronto then Harvard for university, worked for years at Fermilab in Illinois, and then ended up here, on the Swiss/French border, at CERN.” (…)
“The top of the cube, here,” said Lloyd, “represents today, April 25, 2009. And, of course, we all agree that today is today. That is, we all remember yesterday, but acknowledge that it has passed; and we all are ignorant of tomorrow. We’re all collectively looking at this particular slice through the cube.” The cube’s top face lit up.
“You can imagine the collective mind’s eye of humanity regarding that slice.” A drawing of a human eye, complete with lashes, floated outside the cube, parallel to its top. “But what happened during the Flashforward was this: the mind’s eye moved up the cube into the future, and instead of regarding the slice representing 2009, it found itself looking at 2030… For two minutes, we were looking in on another point along our life paths (…) Say you’re watching Casablanca, which happens to be my favorite movie. And say this particular moment is what’s on screen right now.”
Behind Lloyd, Humphrey Bogart was saying, “You played it for her, you can play if for me. If she can stand it, I can stand it.”
Dooley Wilson didn’t meet Bogey’s eyes. “I don’t remember the words.”
Bogart, through clenched teeth: “Play it!”
Wilson turned his gaze up at the ceiling and began to sing “As Time Goes By” while his fingers danced on the piano keys.
“Now,” said Lloyd, sitting in front of the screen, “just because this frame is the one you’re currently looking at” — as he said “this,” the image froze on Dooley Wilson — “it doesn’t mean that this other part is any less fixed or real.”
Suddenly the image changed. A plane was disappearing into the fog. A dapper Claude Rains looked at Bogart. “It might be a good idea for you to disappear from Casablanca for a while,” he said. “There’s a Free French garrison over at Brazzaville. I could be induced to arrange a passage.”
Bogey smiled a bit. “My letter of transit? I could use a trip. But it doesn’t make any difference about our bet. You still owe me ten thousand francs.”
Rains raised his eyebrows. “And that ten thousand francs should pay our expenses.”
“Our expenses?” said Bogart, surprised. “Louis,” says Bogart… “this could be the beginning of a beautiful friendship.”
“You see?” said Lloyd, turning back to look at the camera, at Shaw. “You might have been watching Sam play `As Time Goes By’ for Rick, but the ending is already fixed. The first time you see Casablanca, you’re on the edge of your seat wondering if Ilsa is going to go with Victor Laszlo or stay with Rick Blaine. But the answer always was, and always will be, the same: the problems of two little people really don’t amount to a hill of beans in this crazy world.”
“You’re saying the future is as immutable as the past?” said Shaw, looking more dubious than he usually did.
“Precisely.”
“But, Dr. Simcoe, with all due respect, that doesn’t seem to make sense. I mean, what about free will?”
Lloyd folded his arms in front of his chest. “There’s no such thing as free will.”
“Of course there is,” said Shaw.
Lloyd smiled. “I knew you were going to say that. Or, more precisely, anyone looking at our Minkowski cubes from outside knew you were going to say that — because it was already written in stone.”
“But how can that be? We make a million decisions a day; each of them shapes our future.”
“You made a million decisions yesterday, but they are immutable — there’s no way to change them, no matter how much we might regret some of them. And you’ll make a million decisions tomorrow. There’s no difference. You think you have free will, but you don’t.”
“So, let me see if I understand you, Dr. Simcoe. You’re contending that the visions aren’t of just one possible future. Rather, they are of the future — the only one that exists.”
“Absolutely. We really do live in a Minkowski block universe, and the concept of `now’ really is an illusion. The future, the present, and the past are each just as real and just as immutable.”
– Na tradução de Ana Carolina Mesquita:
__ Dr.Simcoe – disse Bernard Shaw-, o senhor poderia nos explicar o que aconteceu?
__ Claro – respondeu Lloyd, tentando ficar à vontade. El estava em uma das salas de teleconferência do CERN (…) Shaw, naturalmente, estava na sede da CNN em Atlanta (…)
__ A maioria de nós já ouviu falar no termo “espaço-tempo” ou “contínuo-espaço-temo”. Refere-se à combinação das três dimensões, comprimento, largura e altura, e a quarta dimensão, tempo.
Lloyd fez um aceno positivo com a cabeça para o especialista que estava por trás das câmaras, e a imagem congelada de um homem de cabelos escuros apareceu no monitor à sua frente…
__ Este é Hermann Minkowski…
Ele acenou novamente, e a imagem mudou.
__ Esse é um mapa da Europa. Claro, a Europa é tridimensional, mas todos nós estamos acostumados a usar mapas bidimensionais. E Hermann Minkowski nasceu aqui em \kaunas, no que hoje é a Lituânia, em 1864.
Uma luz se acendeu dentro da Lituânia.
__ Ali está. Na verdade, no entanto, vamos fingir que a luz não é a cidade de Kaunas, mas sim o próprio Minkowski, nascendo em 1864…]
O mapa de 1864 caiu como se fosse a folha de um calendário; o mapa abaixo estava intitulado 1865. Em rápida sucessão, outros mapas foram caindo, de 1866 até 1877, cada um com a luz de Minkowski em Kaunas ou perto dela, mas quando o mapa de 1876 apareceu, a luz tinha movido 400 quilômetros na direção oeste, para Berlim…
__ Nos 19 anos seguintes, nosso Hermann pulou de universidade em universidade… por fim indo para a Universidade de Göttingen, na Alemanha Central, em 1902… E ficou em Göttingen até sua morte, em 12 de janeiro de 1908… E, claro, depois de 1909, ele não existiu mais (…)
__ Como vocês podem ver, a luz criada pelos movimentos de Minkowski forma um caminho pelo tempo. Ele começou lá embaixo, perto do fundo, na Lituânia, circula pela Alemanha e Suíça, e finalmente morre aqui em Göttingen.
Os mapas se empilharam uns sobre os outros, formando um cubo. O caminho da vida de Minkowski, serpenteando pelo cabo, estava visível dentro dele, como a toca de um roedor iluminada de cima a baixo.
__ Este tipo de cubo, que mostra o caminho da vida de alguém através do espaço-tempo, é chamado de espaço de Minkowski: o próprio bom e velho Hermann foi o primeiro a desenhar algo desse tipo. Claro, é possível desenhar um modelo assim para qualquer pessoa. Eis um para mim.
O mapa mudou e mostrou o mundo inteiro.
__ Eu nasci em Nova Scotia, Canadá, em 1964, mudei para Toronto, depois fui estudar em Harvard, trabalhei durante anos no Farmilab, em Illinois, e então vim parar aqui, na fronteira franco-suíça, no CERN (…)
__ O topo do modelo, aqui – explicou Lloyd -, representa o dia de hoje, 25 de abril de 2009. E, claro, nós todos concordamos que hoje é hoje. Quer dizer, nós todos nos lembramos de ontem, mas reconhecemos que já passou; e somos todos ignorantes em relação ao amanhã. Estamos todos, em conjunto, olhando para essa fatia específica do espaço.
A parte de cima do cubo se acendeu.
__ Podemos imaginar o olho da consciência de toda a humanidade, observando essa fatia.
A representação de um olho humano, inclusive com cílios, apareceu flutuando fora do cubo, paralelo ao topo.
__ Mas o que aconteceu durante o Flashforward foi isso: o olho da consciência subiu pelo modelo até o futuro, e, em vez de observar a fatia que representa 2009, ela se pegou olhando para 2030… Durante dois minutos, observamos outro ponto mais para a frente no caminho de nossa vida (…) suponha que você esteja assistindo a Casablanca, que por acaso é meu filme favorito. E suponha que esse momento específico é o que aparece na tela agora.
Atrás de Lloyd, Humphrey Bogart disse:
__ Você tocou para ela, pode tocar para mim. Se ela aguentou, eu também posso aguentar.
Dooley Wilson não encarou o olhar de Bogey.
__ Eu não me lembro da letra.
Bogart, entredentes:
__ Toque de novo, Sam!
Wilson pousou o olhar no teto e começou a cantar “As Time Goes By”, enquanto seus dedos dançavam pelo teclado do piano.
__ Agora – interrompeu Lloyd, sentado em frente à tela -, só porque esse quadro é o que você está vendo agora…
Ao dizer esse, a imagem congelou em Dooley Wilson.
__… não significa que essa outra parte é menos fixa ou real.
De repente, a imagem mudou. Um avião desaparecia entre a neblina. Um elegante Claude Rains olhou para Bogart.
__ Talvez fosse boa ideia você sumir de Casablanca por um tempo – disse ele. – Há um posto do exército da França Livre em Brazzaville. Eu poderia ser persuadido a providenciar uma passagem.
Bogey sorriu um pouco.
__ Meu visto? Eu poderia fazer uma viagem. Mas isso não faz diferença alguma para nossa aposta. Você ainda me deve 10 mil francos.
Rains ergueu as sobrancelhas.
__ E esses 10 mil francos devem pagar nossas despesas.
__ Nossas despesas? – perguntou Bogart, surpreso.
Rains fez que sim, concordando…
__ Louis – diz Bogart…- , acho que este é o começo de uma bela amizade.
__ Viram? – indagou Lloyd, voltando o olhar para a câmera. – Você pode estar assistindo a Sam tocar “As Time Goes By” para Rick, mas o final já está determinado. A primeira vez em que você assiste a Casablanca, fica tenso querendo saber se Ilsa vai ficar com Victor Laszlo ou com Rick Blaine. Mas a resposta sempre foi, e sempre será, a mesma: os problemas de duas pessoas realmente não significam nada neste mundo maluco.
__ O senhor está dizendo que o futuro é tão imutável quanto o passado? – perguntou Shaw, parecendo ainda mais cético que o normal.
__ Exatamente.
__ Mas, dr. Simcoe, com todo o respeito, isso não faz sentido. Quero dizer, e quanto ao livre-arbítrio?
Lloyd cruzou os braços na frente do peito.
__ Não existe essa coisa chamada livre-arbítrio.
__ Claro que existe – insiste Shaw.
Lloyd sorriu.
__ Eu sabia que você ia dizer isso. Ou, para ser mais específico, qualquer pessoa observando nosso espaço de Minkowski de fora saberia que você ia dizer isso… porque já foi escrito.
__ Mas como pode ser? Nós tomamos milhões de decisões por dia; cada uma delas modifica nosso futuro.
__ Você tomou milhões de decisões ontem, mas elas são imutáveis… não há como mudá-las, não importa o quanto você se arrependa de algumas delas. Não há diferença. Você acha que tem livre-arbítrio, mas não tem.
__ Então, deixe-me ver se entendi bem, dr. Simcoe. O senhor está afirmando que as visões não são apenas um dentre outros possíveis futuros. Ao contrário, elas são do futuro –do único que existe.
__ Absolutamente. Nós vivemos em um universo igual a um espaço de Minkowski, e o conceito de “agora” é na realidade uma ilusão. O futuro, o presente e o passado são todos reais e, da mesma forma, imutáveis.
_________________________________________
NOTAS
[1] Confesso que pensei nesta resenha como complemento da que escrevi sobre The Returned- Ressurreição (VER: https://armonte.wordpress.com/2014/05/20/os-vivos-e-os-mortos-o-romance-que-inspirou-o-seriado-resurrection/). No romance de Jason Mott, levas de mortos voltam à vida. A ressurreição é o fundamento do cristianismo; a associação bóson de higgs-big bang tornou-se o fundamento da física, por extensão da ciência, salvo engano.
[2] Tenho para mim que foi justamente esse esvaziamento de pioneirismo o fator determinante do fracasso do seriado de 2009-2010 (cancelado após uma temporada apenas) baseado em Flash Forward, estrelado por Joseph Fiennes, e que “chegou tarde”, produzido uma década após o lançamento do romance. Outro fator, claro, foram as discutíveis opções dramáticas escolhidas (bem diferentes do original) que dava a impressão de que tudo aquilo “não era carne nem peixe”. Não à toa, a audiência do piloto foi de 12 milhões e a do último episódio cerca de um terço disso. Em compensação, um outro seriado que utilizava as ideias exploradas por Sawyer (o qual, diga-se de passagem, foi consultor da produção) fez muito sucesso e tornou-se cult: Lost