(Uma versão da resenha abaixo foi publicada originalmente em A TRIBUNA de Santos em 27 de junho de 2017)
Parece que já temos o livro do ano, infelizmente, a batalha judicial para liberar DIÁRIO DA CADEIA COM TRECHOS NA OBRE INÉDITA IMPEACHNENT: EDUARDO CUNHA (PSEUDÔNIMO), acabou revelando a verdadeira autoria, Ricardo Lísias.
No romance, Cunha está escrevendo “impeachment” onde revela que seu mentor político foi Paulo César Farias, que lhe ensinou a receita da propina: “É verdade, mas eu sempre fui assim, respondi. Sempre gostei muito de trabalhar e fazer arquivos com informações é uma das partes que mais me dão prazer no meu trabalho. Se eu parar de fazer isso aqui, aí é que perco o meu equilíbrio mesmo. Já não tenho a igreja para ir, com exceção das redes sociais, ninguém está respondendo as minhas comunicações.
Nem meus trusts estão ao meu alcance”. Ou seja, o Cunha que conhecemos: chantagista, cabotino, jactancioso.
Há momentos impagáveis (citações bíblicas, uma surra no jornalista Mário Sérgio Conti, palavrões, situações que o leitor de Lísias conhece bem, tiração de sarro do nosso presidente poeta: “Agora, boa noite aos leitores/Nessa vida a gente se afeta/E as coisas nos trazem dores/E então o político vira poeta//Eu pelo menos vou à luta/Já você, Temer, o presidente/É um bom filho da puta/E agora sempre desmente//Mas fizemos muitas reuniões/Para conseguir bastante verba/E você sabia bem as condições/Por fim: sua poesia é uma merda”).
Em contrapartida há uma dimensão patética: o todo poderoso, o ardiloso, começa a sentir o progressivo ostracismo, “nenhum bilhete respondido”, o que Cunha fará? Pois ele vai se tornando um personagem lisianico, perdido entre a linguagem e o caos.
“Michel Temer – Seus limites
- Conhecimento de política brasileira – notável
- Conhecimento de economia e finanças – notável
- Conhecimento de relações interpessoais na política – péssimo
- Conhecimento de alma humano – catastrófico
- Humildade – inexistente
- Conhecimento da palavra de Deus – inexistente
- Bondade de capacidade de perdoar – inexistente
- Respeito aos valores cristãos – nulo”.