(Uma versão da resenha abaixo foi publicada originalmente na FOLHA DE SP em 21 de maio de 2018)
O paraibano Roberto Menezes, professor de física teórica é uma das grandes revelações literárias dos últimos anos, porém não logrou romper o muro do Rio de Janeiro – São Paulo para escritores “regionais”.
Agora a Patuá edita uma segunda versão de seu romance “PALAVRAS QUE DEVORAM LÁGRIMAS”, bastante alterada com relação à primeira (publicada na Paraíba), inclusive no aspecto gráfico, mas os dois pilares narrativos se mantêm. O primeiro é o sequestro de um vereador por sua ex-esposa, a protagonista, numa situação às Stephen King (é vasto o universo de referências no texto). Maria obriga seu prisioneiro a ficar com pálpebras abertas, costura sua boca e divide com ele um coquetel de remédios tarja preta, o objetivo é fazê-lo ler o que escreve no computador. “Palavras que devoram lágrimas” é o texto digitado por Maria. Como ela mesma afirma, é “uma fabricadora de frases de tirar o fôlego”.
O segundo pilar narrativo é o relato de como Maria vai lixando as camadas da parede do quarto dos sete anos de casamento. Cada camada traz associações, ganhando até apelidos: temos bege-leite condensado, verde anágua, azul inferno (que domina o relato) e por aí vai…
A parte final mostra o efeito dos remédios e adquire um tom alucinatório.
Será que Roberto Menezes desta vez sossegou ou no futuro leremos novas palavras da voz agônica de Maria?
Livro: “Palavras que devoram lágrimas”
Autor: Roberto Menezes
Editora: Patuá
Páginas: 120
Quanto: R$ 38,00
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