(Uma versão da resenha abaixo foi publicada originalmente em A TRIBUNA de Santos em 22 de agosto de 2017)
“Eu estava ali como a sombra da normalidade comedida, eu era um não à rebeldia, um sim ao sacrifício, digna da piedade dos caretas. Gasta e suja, eu queria ter na sola do sapato a terra do continente pisado, absorver magmas alheios, reconstruída como austera e ariana, respeitável milady”. Este é um trecho do “OITO DO SETE”, primeiro romance de Cristina Judar, a qual me impressionou fortemente com os contos de “Roteiros para uma vida curta”, ao narrar as sensações físicas e mentais de suas personagens.
No clássico “Quarteto de Alexandria”, de Lawrence Durrel, acompanhávamos as relações amorosas e as repercussões de um grupo de personagens, uns sobre os outros, tendo como ponto de fuga a cidade de Alexandria, que era quase uma outra personagem. Em “OITO DO SETE, temos as ligações homoafetivas entre casais (Magda, Glória, Jonas e Rick) que chegam ao sexo grupal, filtradas em quatro perspectivas, a de Magda, a de Glória, a de Serafim (uma espécie de anjo exterminador) e a da cidade de Roma (outra cidade mítica).
Mas dessa vez a linguagem epidérmica de Cristina Judar não funcionou. Não nos interessamos pelos personagens e a narração é aborrecida. “Eu tenho sim visões de outros tempos, sensações antigas, o que ninguém mais teve nem nunca terá. Das vantagens dessa minha formação chamada de ser. Das vantagens dessa minha aglomeração classificada entre urbe e vilarejo. Vivo de desgostos, entre barro e tecnologias”. De fato. “OITO DO SETE” é um romance invertebrado.
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